quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

DOIS POEMAS DE QUINTANA SOBRE O TEMPO, ESSE FIO ESCASSO QUE ESCAPA PELAS MÃOS...


 Quintana é um dos meus prediletos.Meu conterrâneo, guru e influência que sofro e que sempre sofrerei!
Todos passarão, só ele passarinho!


Ah! Os Relógios – Mario Quintana
Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológicos…
Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida – a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.
Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.
E os anjos entreolham-se espantados
quando alguém – ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são…
Mario Quintana )
(poema do livro A Cor do Invisível. 2a. edição. São Paulo: Globo, 2005. p.96.)

SEISCENTOS E SESSENTA E SEIS
A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo…
Quando se vê, já é 6ªfeira…
Quando se vê, passaram 60 anos…
Agora, é tarde demais para ser reprovado…
E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio.
seguia sempre, sempre em frente …
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.

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