terça-feira, 9 de março de 2010

Sobre o Belo e o Perfeito

A árvore estava lá há décadas, mas só hoje eu a encontrei.

Raízes longe do chão, (pasmem!) ela cresceu sobre uma enorme pedra cinza, com outras pedras cinzas menores ao redor.
Ela repousa sobre a pedra como uma grande mão aberta, as pontas das raízes , como finos e raquíticos dedos, tocam de leve o solo em volta da pedra.

Seu tronco não é reto, tampouco liso e cilíndrico (como guardamos no nosso imaginário de árvore): é torto, curvado, pendente para um lado.Existem ainda duas protuberâncias enormes, como se fossem tumores, formando anéis em torno dela.

E o que dizer da copa?Galhos secos,(de uma cor marrom intensa) retorcidos e finos, falta absoluta de folhas e, poucas, mas maravilhosas flores de um rosa claro e delicado.

Foi eleita, imediatamente, para mim, a árvore mais bela de todo o planeta.Sei que não corro o risco de me arrepender, ainda que não tenha visto todas as árvores do mundo.Ela é absoluta e única, dessas que não se repetirão nunca mais na história da natureza.

Ela é a minha descoberta pessoal de imperfeita perfeição da beleza, o meu paradigma final de árvore, o meu poema pessoal.

Reina, absoluta, ao sabor do vento, e vive onde prendeu suas raízes, presas, estas, apesar da pedra.

Sim, a pedra. Essa árvore fez do seu maior obstáculo, o seu altar,o seu palco.Fez também de cada uma de suas imperfeições um maravilhoso e inigualável conjunto de singularidade.E tornou-se, por isso mesmo, a rainha de todas as árvores.

Olho para ela e percebo o quanto a paisagem verde, o grande lago e as outras árvores (comuns e totalmente dentro dos padrões normais esperados para árvores) realçam sua beleza.

Com ela eu finalmente decodifiquei algo que o Universo já vinha, talvez, há muito tempo querendo me mostrar: a singularidade das imperfeições construindo uma beleza única, onde não cabem nem crítica, nem retoques.

E que somos, cada um de nós, como essa árvore: irrevogáveis em nossas particularidades, capazes de fixarmos raízes em pedra, e de fazer do obstáculo um espetáculo.
E mais: somos capazes também de transformar, de transmutar nossas dores e pedras em altares, palcos... onde seremos estrelas únicas, senhores de nossas próprias pedras, deuses de nosso destino.

Nossas poucas e lindíssimas flores, trabalhosas, por isso raras, são os mil textos que jogamos ao vento, como sementes a serem espalhadas e plantadas, (quem sabe?), em solos remotos, mas, esperamos, férteis.

Obrigada, (nova) velha árvore, bela, imperfeita e absoluta árvore, minha perfeição pessoal, por essa magnífica lição.

domingo, 7 de março de 2010

Inaugurando o meu blog

Oi, pessoal!
Esta é a postagem de inauguração do meu blog.
Esta é também a concretização de uma das inúmeras resoluções para 2010: criar meu blog, voltar a escrever...
Nele pretendo abordar de tudo um pouco, entre escritos pessoais,poesias, contos, crônicas, reflexões de temas do dia a dia...enfim, que seja um espaço onde eu possa expressar o que penso e o que quero, o meu lugar no mundo...!
Espero que curtam também.
Abs
Patricia Mich